Nos últimos meses, o universo da inteligência artificial na China virou de cabeça pra baixo. Aquela que já foi chamada de “a nova superpotência da IA” agora vive uma disputa acirrada entre gigantes, promessas que caíram no esquecimento e novas estrelas que surgem quase da noite pro dia. Mas afinal, o que está rolando por lá? E por que você deveria ficar de olho nisso?
A resposta tem tudo a ver com o impacto da tecnologia chinesa no cenário global e sim, com o jeito como usamos apps, fazemos buscas e até aprendemos com chatbots cada vez mais sofisticados.
DeepSeek em queda: da fama à dúvida
Se você acompanha o mercado de IA, com certeza já ouviu falar no DeepSeek. Ele chegou causando alvoroço, sendo comparado ao ChatGPT e com razão. Com resultados impressionantes em benchmarkings e foco em processamento de linguagem, ele parecia pronto pra ser a estrela da IA generativa chinesa.
Mas a realidade pegou pesado. De acordo com dados recentes da QuestMobile, o app sofreu uma queda de 72% nos downloads e perdeu 9% de seus usuários ativos mensais. A promessa virou incerteza.
O motivo? A resposta está no surgimento de rivais bem posicionados… e numa certa gigante que você conhece bem.
ByteDance muda o jogo com Doubao
Sabe aquela empresa que criou o TikTok? Então, a ByteDance também está dominando o mercado de IA por lá. Com o lançamento do Doubao, ela não só superou o DeepSeek em número de instalações mensais, como também viu seu número de usuários ativos ultrapassar os 130 milhões, com crescimento de 30% em pouco tempo.
O segredo? A empresa não está apostando apenas em tecnologia bruta, mas também em experiência do usuário, integração com apps populares e foco em resolver problemas reais de tradução automática a assistentes de produtividade.
Não é exagero dizer que o Doubao pode se tornar o próximo fenômeno da inteligência artificial asiática.
A nova onda: IA útil, rápida e prática
O que ficou claro é que os usuários chineses estão cada vez mais exigentes. Chatbots genéricos, como Yuanbao da Tencent e Kimi da Moonshot AI, também sentiram a pressão e registraram queda.
Por outro lado, soluções como copilotos de escrita, apps de estudos com IA e até plataformas de produtividade com algoritmos próprios dispararam no ranking de popularidade.
Veja alguns exemplos de apps que cresceram mais de 100% em usuários ativos nos últimos 3 meses:
ima.copilot – voltado para escrita e organização de ideias
Doubao Aixue – assistente educacional com foco em performance estudantil
360 Wenku – biblioteca inteligente com recursos de IA
Essas plataformas provam que o futuro da tecnologia baseada em IA na China pode ser menos sobre hype… e mais sobre utilidade.
Os desafios ainda pesam e o futuro é incerto
Nem tudo são flores no império da IA desenvolvida na China. O desenvolvimento do modelo R2, sucessor do DeepSeek R1, foi adiado por causa das sanções dos EUA sobre chips da NVIDIA especialmente o tão aguardado H20.
Sem acesso facilitado a hardware de ponta, muitas empresas estão tentando se reinventar com o que têm. E a verdade é que nem todas vão sobreviver a essa corrida tecnológica.
Mas, como já vimos em outras áreas, subestimar a resiliência do mercado chinês costuma ser um erro. Eles já provaram, mais de uma vez, que sabem dar a volta por cima e rápido.
O que tudo isso significa pra gente?
Você pode até pensar: Mas o que a IA chinesa tem a ver com minha vida aqui no Brasil?. A resposta é: mais do que parece.
Boa parte das inovações que usamos no dia a dia de filtros inteligentes no TikTok a mecanismos de busca com linguagem natural vem justamente dessas disputas acirradas por lá.
Além disso, a influência crescente da tecnologia oriental tende a moldar o que grandes empresas no Ocidente vão copiar, adaptar ou tentar superar.
Ou seja: se você gosta de saber onde o futuro está nascendo, vale acompanhar de perto cada movimento da indústria de IA da China.